Fala, noventista

 Minha tia cisma com minha dança.


Minha avó também.


Elas tentam de forma extenuante mudar o mindset - o paradigma - partindo da reflexão ao que se tratava os anos 1970's, durante a ditadura militar, no auge de sua juventude, onde fervorosamente a tia se batizou, e ao qual tudo o que lhe agradava fazia parte somente da Igreja.


Hoje em dia, o cristianismo evangélico não é mais assim.


Muitas irmãs e irmãos crentes fazem danças na academia, como a zumba, por divertimento e saúde. Os irmãos, no caso, escolhem natação ou musculação, com o corpo à mostra, principalmente nas cidades de praia. As crianças praticam Ballet clássico na escolinha.


Eu também gosto de dançar. E de vestir shorts. Como em locais onde o povo crente congrega, e a temperatura chega a 40 graus. Eu visto de acordo como me sinto confortável. E não se fala mais nisso. E eu danço porque eu cresci fazendo reabilitações de fisioterapia na dança. Se meu corpo hoje se movimenta, é porque Deus permitiu que a dança me ensinasse a ter estes movimentos. Então eu danço para Deus, como forma de honrar a saúde corporal que Ele me deu.


Minha tia e minha avó entendem tudo isso, mas se recusam a aceitar que sou diferente delas.


Eu, diferentemente, não cresci nos anos 1970's. Eu cresci nos anos 1990's.


Era muito, mas muito liberal MESMO. Chegava ao ponto de fanzines juvenis, cujo público-alvo eram meninas de 12-14 anos, receberem uma máscara de carnaval na revistinha, para pintarem, no formato de uma camisinha. Também, falava-se muito em sexo seguro na MTV, 24 horas por dia. Éramos doutrinados na liberalidade.


Isso, porque ao contrário do que muita gente pensa, a Ditadura Militar terminou somente em 1987. Em 1985 foram as Diretas Já, em 1986 foi a primeira eleição democrática, e o presidente interino assumiu (ele era interino porque a eleição foi anulada por incapacitação de contagem de votos, por não se saber qual o número exato de habitantes no país). Logo depois, em 1990, tínhamos um novo presidente, e a nova geração queria se libertar das amarras do totalitarismo. Por isso, se rebelaram contra o presidente novo, em uma forma de comprovar o livre direito de poder popular.


A geração das minhas tias, acreditam que o trabalho, seja este proveniente do ofício ou da formação acadêmica, inserem o indivíduo na sociedade, e dá a ele uma voz para defender o que se acredita na medida em que se engaja. Acredito que isso se chama neoliberalismo.


A minha geração, diferentemente, acredita que "qualquer tipo de interatividade te promoverá a qualquer nível mais elevado do do verdeiro liberalismo, por meio do exercício na liberalidade libertária".


Nisto, reiniciaram-se as conversas interativas à distância, sem a utilização dos aparelhos eletrônicos, "a comunicação remota". Nos anos 90 também, muitas pessoas eram sequestradas sob GAIP (geração de alteração de identidade provisória), para fins sexuais, porque tudo limitava-se à permissividade do corpo, que deixava de pertencer ao Governo, e agora era nosso direito e propriedade, com o término da Ditadura Militar. Eu vivi isso na dança, essa atividade física como estilo de vida. Eu aprendi a amar a beleza da vida na arte desde muito cedo, e para mim, a vida é natural no movimento e no som. Nisso sinto Deus. E a experiência de Deus é muito pessoal para cada um. Por acaso, quando assovia o vento em uma árvore, ela seria proibida de dançar através de suas folhas? Pois então, algumas pessoas se identificam muito com as árvores, e ao sentir o assovio do som, movem os membros do corpo, para expressar, assim como as árvores, que estão flexíveis à ação natural de Deus.


Mas, a minha família não acompanhou nada disso. E cismam com a minha dança.


Entendo que, quando saímos da vida de alguém, não temos o direito de voltar a qualquer hora, e esperar que eles entendam as nossas mudanças, por efeito da ação do tempo em nossas vidas. NINGUÉM TEM O DIREITO DE ENTRAR E SAIR DA VIDA DAS PESSOAS QUANDO QUEREM E DESEJAM.


Mas, o contínuo acolhimento às pessoas vulneráveis por parte dos familiares, não pode tampouco, restringir-nos à ponto de exigir que damos às costas ao que vivemos e aprendemos longe deles. Essas privações geram um efeito bola de neve, que empurram este vulnerável às drogas, à criminalidade, às mentiras e até à morte.


Os ensinamentos cristãos, falam também que não devemos forçar casamentos fora do desejo e da maturação progressiva de cada indivíduo, e que cada qual deve manifestar sua tendência à vida sexual ativa com parceiros de apetite sexual harmonizado com o do outro. A família precisa obrigatoriamente, observar e entender se há harmonia e desejo nos beijos que eles trocam, na forma que eles se olham, e no toque de mãos - se há 'arrepios' nos braços; isso tanto para frear uma relação sexual muito eminente antes do casamento (nos lares cristãos), quanto para orientar se há a "química entre o casal", - a paixão - ou se estão somente cumprindo com o protocolo social e religioso. É comum os jovens se confundirem muito em relação a isso, e acharem que estão em situação de desejo, quando na verdade, querem agradar à comunidade, ou simplesmente estão dando abrigo ao sentimento de curiosidade.


Pois então


A dança é parte integral da minha vida. Quem não admira minha dança, certamente não gosta muito de quem eu sou, porque ainda que eu entenda que minha tia fosse reprimida pela minha avó durante a Ditadura Militar, que a proibia de tocar violão e escrever histórias infantis em sua máquina de escrever (que ela mesma comprou economizando todo o seu salário de professora de creche aos 17 anos de idade), essa opressão ao qual estávamos sujeitos nos anos 1970's, não existe mais nem dentro nem fora da Congregação Cristã no Brasil, Igreja que escolhi seguir.. Hoje em dia, os crentes da CCB tem liberdade para praticar TODAS as coisas que as outras pessoas praticam, exceto quando fere o núcleo familiar de pais e filhos que residem como uma família em uma mesma casa por livre e espontânea decisão, ou quando a prática do exercício ao qual se propõe fere a integridade física ou civil (no caso do aliciamento por uso de GAIP - gerador de alteração de identidade provisório - no ambiente da cidade em múltiplas sequências de dolo e perigo). 




Canal 90 - https://www.youtube.com/@canal90


Assistam aos absurdos dos anos 90, para lembrar com humor e carinho da sensualidade desmedida do É O TCHAN, a banheira do Gugu, as capas da Playboy e Sexy. Aliás, o que aconteceu com as revistas sensuais? Nos anos 90 éramos realmente mais liberais (e não que isso seja tão melhor assim....): as capas de revista sensual eram entrevistadas todas as semanas em programas como o Faustão, em pleno Domingo à tarde! Vejam link acima para lembrar de "momentos de vergonha alheia....!"


Curte lá!


Grande abraço


A paz de Deus


Thaís Fernanda Ortiz de Moraes

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