Brechó do Secos e Molhados - São Paulo Junho-Agosto 2014

 knock knock knock!


- Não vou abrir!

"Vizinha! hoje é o dia da festa "portas abertas", abre prá gente!

- Não vou abrir!

"Tem que abrir sim! A festa arrecada fundos para a conta de água que acumulou"


- Mas eu estou pagando, ouviu?


"Não é isso. É que nós que não temos computador não conseguimos verificar nossas contas na internet. O leiturista deve ter passado, mas ninguém estava aqui. À não ser você, que devia estar dormindo.....Então, por favor, pode emprestar sua varanda?"


 - Não, meu....! Vocês vão se juntar na minha área e não vão querer mais apagar essa porra desse baseado. Não vou sair, nem vou abrir!


"A gente vai entrar"


- Eu estou tirando minha roupa. Vou falar que vocês me estupraram e me tiraram da casa à força!


"Combinado! Abre a porta aí Giovanna!"


- Onde vocês conseguiram minha chave seus putos?]


"Você tava reclamando disso o tempo todo no seu blog. Hoje é dia de dividir sua dor e transformar em alegria!"


Entra todo mundo. 


"Dá hora esse cafofo. Vamos fazer o quarto VIP de casal aqui"

"Vai lá reclamar prá polícia!"


Tranca ela prá fora pelada.


"Ritmo de festa que balança o coração

festa divertida colorida de emoção

Dia de alegria

então sorria e vem prá cá

a festa continua a casa é sua

pode entrar."


"É Carnaval

no Camarote

Zilepam!

É Carnaval

se sair casal

tem bolo de Marzipã!"


Começa a chover


"Gente gente!

Vanessa da Mata!
Ai ai ai ai ai ai ai ai ai ai ai ai ai ai

A gente precisa

TOMAR UM BANHO DE CHUVA 

UM BANHO DE CHUVA!!!!!!!!"

"Simbora lá prá baixo pessoal"

O prédio cheio de gente.

A Thaís sentada pelada no banco.


"Olha a vizinha pelada!

Vamos tirar a nossa roupa também!"


Todo mundo tira a roupa, andando pelados pelo prédio, as portas estão abertas, circulação com 100% de acesso, se beijando e se pegando, fumando e bebendo.


Thaís sobe ligeiramente e se tranca para dentro.


Para de chover.


Os vizinhos pelados batem na porta da Thaís.


 knock knock knock!


- Não vou abrir!

"Vizinha! hoje é o dia da festa "portas abertas", abre prá gente!

- Não vou abrir!

"Tem que abrir sim! A festa arrecada fundos para a conta de água que acumulou"


- Mas eu estou pagando, ouviu?


"Não é isso. É que nós que não temos computador não conseguimos verificar nossas contas na internet. O leiturista deve ter passado, mas ninguém estava aqui. À não ser você, que devia estar dormindo.....Então, por favor, pode emprestar sua varanda?"


 - Não, meu....! Vocês vão se juntar na minha área e não vão querer mais apagar essa porra desse baseado. Não vou sair, nem vou abrir!


"A gente vai entrar"


- Eu estou tirando minha roupa. Vou falar que vocês me estupraram e me tiraram da casa à força!


"Combinado! Abre a porta aí Giovanne!"


A Thaís pelada e molhada vai no quarto e percebe que sua gaveta está semi-vazia. Injuriada, pega uma panela e põe na cabeça. Batendo palmas bem alto, diz:


- Alô Alô Terezinha! Alguém tem colher de pau para fazer cocada?"


"É cocada ou é brigadeiro?"


"Quem vai colocar o leite condensado?"


"Ai, tô gozaaannnndo na sua bocaaaa! Toma meu leitinho condensado!"


- O leite condensado a gente vê depois. Primeiro preciso de uma colher de pau.


A talarica vai nas coisas dela e pega uma colher de pau.


Thaís mete uma colherada na cara da talarica.


- Isso é pelo pau que você deu no meu cachorro.

Thaís bate com a colher na panela, em sua cabeça, e faz seu panelaço:


- Alô alô Terezinha, não sou obrigada a comer salamitos! Meu padrão é cenoura prá cima, e aqui só tem banana-maçã-empedrada. Agora me digam o seguinte: vocês queriam fazer swing, ou abrir um brechó, ficando pelados e roubando as roupas dos vizinhos? Se for o caso, saiam da minha casa, a gente põe uma caixa de papelão na área comum e vocês se trocam embaixo da escada quando a chuva passar.....


"Gente, gente.....tá chovendo de novo!

Vanessa da Mata!
Ai ai ai ai ai ai ai ai ai ai ai ai ai ai

A gente precisa

TOMAR UM BANHO DE CHUVA 

UM BANHO DE CHUVA!!!!!!!!"

"Simbora lá prá baixo pessoal"


"Ritmo de festa que balança o coração

festa divertida colorida de emoção

Dia de alegria

então sorria e vem prá cá

a festa continua a casa é sua

pode entrar."


"É Carnaval

no Camarote

Zilepam!

É Carnaval

se sair casal

tem bolo de Marzipã!"


- Isso não vai terminar nunca. 


Thaís tira o cachorro da varanda, põe uma cadeira na porta, seleciona umas roupas mais velhas, as coloca em uma caixa de feira em frente à cadeira, pega seu Bhagavad Gita e começa a ler em voz alta, para si mesma.


A chuva para de cair


"Vamos subir na casa da vizinha!"


Encontram a vizinha na porta, lendo o Bhagavad Gita.


"A gente quer usar seu chuveiro"


- Vocês acabaram de tomar um banho de chuva com a Vanessa da Mata. Por que não pegam uma roupa e vão visitar outros vizinhos?


"Então não tem jeito mesmo da gente entrar?"


- Não, não mesmo!


"Desculpa então. A gente não tinha entendido que você não queria visita"


Ficam cinco minutos na frente da porta olhando para a cara da Thaís, até secarem com o vento. A vizinha continua lendo o Bhagavad Gita.


Começa a chover de novo.


Cada um dos membros da festa pega uma peça de roupa molhada da chuva que cai e se veste debaixo d'água.


Ao virar-se para ir embora, a escada tem uma fila de pessoas nuas.


"O que devemos fazer, de acordo com Krishna?"


- O mesmo que Jesus faria.


Cada pessoa tira a roupa de seu corpo e dá para o que está nu. E assim, vão passando as roupas molhadas um para o outro.


"E como fazemos para encontrar as nossas próprias roupas?"


- Quais? Aquelas que vocês jogaram pela varanda quando entraram aqui?


"É!"


- Acho que aquelas os gatunos levaram.....por que vocês não vão para casa e amanhã passam na loja para comprar uma roupa nova para vocês?


"Você acha que terão pessoas como nós em nossas casas também?"


- Só se vocês deixaram as portas abertas, ou se algum vizinho sem noção como vocês abriu a porta para roubar o resto das suas roupas.....


Todo mundo sai correndo, se atropelam pela escada.


Mas na confusão, alguns entram na casa errada com o marido/esposa do outro, e acham que o filho que está dormindo lá é dele. Somente depois que o Conselho Tutelar toma conta da criança descobrem que a culpa disso tudo foi da vizinha talarica que entrava na casa da Thaís para roubar a geladeira, sequestrar e aleijar o cachorro, estuprar, passar gilete no cu e na buceta, colocar uma corda no pescoço dela, remover suas próteses e órteses para vender no mercado negro, dizendo que estava procurando seu gato. Ela é uma gatuna (gatos tem hábitos de pular muro. Se a dona invadir cada casa da cidade atrás dele, ela se tornará um ladrão).

Então, os outros vizinhos perceberam que a talarica estava carente e a convidaram para comer uma pizza de diversão adulta. À partir daí, acharam que a "festa portas abertas" era o caminho do bonsucesso.

Descobriram assim, que "FESTA PORTAS FECHADAS" faz mais sentido prá todo mundo.

Hoje vou relaxar

Amanhã vou limpar

Quinta e sexta vou trabalhar


----


O predinho de kitnets tinha 8 apartamentos.


Um dia, a mulher começa a miar.


O bandido do vizinho invade a casa dela no meio da noite para miar na cama dela

Eles tem um filho.


Um dia, um vizinho gato entra na casa deles


o vizinho gato questiona: "vim ensinar sua esposa a miar porque vocês latem muito alto"


e...:


"como podem dois CACHORROS ter um filho gato?"


-  Como assim?


"eu ouvi ele miar no chuveiro"


- Saia da minha casa!


"então, eu quero ensinar seu filho também"


- Pode levar ele, se quiser.


"mas eu quero levar a senhora"


- Eu já sou casada.


"mas vocês nem se conheciam!"


- Pois é. A gente se conheceu, gostou de miar, e é por causa deste gatinho aqui que estamos latindo tanto.


O vizinho gato ouve miados na casa ao lado.


"Vamos, gatinho, tenho uma missão para você"


O vizinho gato decide fazer a mesma proposta na casa ao lado, e pedir para morar lá com a esposa e com o gatinho do vizinho.


- Mas a casa é do meu namorado Tigrão!


"A gente manda ele visitar alguma pantera durante a noite. De dia eu estou trabalhando como plaqueiro do teatro."


6 meses depois.....


o condomínio havia se tornado um cortiço. os gatos entravam e saíam dos apartamentos com frequência de 20 em 20 minutos, eram dezenas diferentes e o local cheirava a fumaça tóxica.


Veio o DDdrim.


 - E agora, para onde vamos?


E o vizinho gato:


"Vamos para um teatro onde eu faço trabalho de plaqueiro!"


- Mas, como faremos para pagar o aluguel de lá?


"Está abandonado faz tempo! Vamos, pessoal!"


Ao chegar, colocam umas caixas sujas no palco, fazem uma vaquinha para comprar uma placa que diz: "Catz, o musical da Brodway".


Detalhe, o teatro fica no Bixiga, ao lado do viaduto 25 de Maio, onde moram os mendigos dentro de caixas.


(o Teatro Célia Helena usa de elementos cênicos, e os atores moram no teatro por cerca de 6 meses no processo de criação. Alguns relacionamentos são permitidos. Foi criado para tirar os maus hábitos de moradores de rua, inclusive o das drogas e o da prostituição).



Bjs,


Thaís Fernanda Ortiz de Moraes

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